domingo, junho 26, 2005

ping-pong ou..... pai-avó

Chego a Salamanca, festa. Como sempre, aparece um personagem estranho. Desta vez não foi um argentino que vende pins no meio da rua mas sim um chinoca com um ar de paz de alma, que mal abria a boca.
Entre bebidas, conversa e música decidimos jogar ao ping-pong (aquele dos múltiplos de 5 e 7 , não o das raquetesinhas).
Agora imaginem, um chinês a jogar ao ping-pong. Completamente twilight! Ainda mais porque de certeza que ping é o nome do pai dele e pong da avó. Então para ele o jogo será 1,2,3,4 pai,6, avó,7,8,9,pai e por aí fora…

Achei que seria bom partilhar isto convosco. É bom pensarmos de vez em quando que um simples joguinho para nós ocidentais é um quebra – cabeças para um oriental!!!

terça-feira, junho 21, 2005

Residencia (parte II)

decididamente não vivo num sítio de gente normal... lembram-se da minha amiga, aquela que tem uma disfunção num nervo sensitivo facial qualquer??
pois bem, hoje, depois de almoço, estava com a minha amiga portuguesa (da residencia) a subir as escadas quando a dita cuja passa por nós, que estávamos a falar, em português! ela vira-se para nós e pergunta naquele inglês típico espanhol "are you from another country?" como não repondessemos repete "are you foreign?". Mando um olhar SOS à minha amiga. É que, para além de já lhe termos dito que eramos portuguesas e a historia toda de medicina, vai-nos perguntar de onde somos em inglês???? lá lhe respondo, em espanhol, que somos portuguesas "ahhh, portuguese!!!" (???) a minha amiga não se aguenta e desmancha-se a rir. A outra pensa que estamos a gozar com ela e diz-me (desta vez já em espanhol!) "vocês não me enganam!já vos ouvi a falar espanhol!só estão agora a falar essa lingua para gozar comigo, mas são espanholas!" ...... digo-lhe que não, que somos portuguesas mas que aprendemos espanhol.
Lá vai à sua vida com um ar pouco convencido....
Agora digam-me, ISTO É NORMAL????

domingo, junho 19, 2005

outro non-twilighter

Estava no outro dia a falar com uns amigos na faculdade, quando um diz alguma coisa como “ que chatice, tenho que ir comprar uma prenda para a minha mãe...”. Gera-se então uma discussão à volta do vocábulo “prenda”. Porque é foleiro, é feio e mais não sei quê…

Agora pergunto; “ quem é que define quais as palavras bonitas e feias, bem ou foleiras?”. Não que eu não diga presente, encarnado, usar, pôr etc…, não é por aí. A minha pergunta está em onde é que prenda, vermelho, utilizar e colocar são feias? Aliás, o que é uma palavra bonita????
Acho sobretudo não bem, muito mais que dizer esse tipo de palavreado (dito foleiro), criticar outros que o usem, isso sim é o que eu chamo má educação.

Mas enfim, sei que isto é daqueles temas utópicos, que pouco ou nada se discutem, mas mesmo assim achei por bem mostrar a minha indignação.

sábado, junho 18, 2005

O Furador

Além de queixosa, sou uma pessoa manienta. Um exemplo disso é que não consigo estudar sem ter os apontamentos todos organizados. Para o fazer, no princípio do ano fui comprar um furador. E eis que me vejo dentro de um acontecimento twilight…
Saio de casa e dirijo-me a uma lojinha daquelas que têm tudo. Aproximo-me da vendedora e quando vou a perguntar apercebo-me que não faço a MÍNIMA ideia de como se diz furador em espanhol…. dou por mim a dizer: “tem daquelas coisas que fazem tchick tchak e buraquinhos nas folhas?” (agradeço ao TABU), não tinha e não sabia como se dizia.
Percorro grande parte das papelarias, lojas dos 300 e chineses de Valladolid, (sempre com a mesma descrição de furador) e só ao segundo dia de busca encontrei um; excessivamente caro para furador e que fura aí umas 3 páginas de cada vez, OU SEJA, cada vez que quero furar as minhas “pequenas” sebentas demoro, em media, 2h!

Decididamente vou adicionar o meu querido furador à lista de bagagem indispensável……

sexta-feira, junho 17, 2005

a minha residencia (parte I)

Sou uma pessoa queixosa, estou-me sempre a queixar, é triste, mas verdade… ultimamente uma coisa que esta no Top 5 das minhas queixas é sem dúvida a residência em que estou a viver.
Ora vou-vos dar um cheirinho do porquê dessas queixas…

a empregada que limpa os corredores e escadas, PESTA(?). Mas quando digo pesta, não é deitar um leve cheiro a suor…é daqueles que se tem de deixar de respirar. Agora imaginem; primeiro dia: meto-me no elevador, estreitinho, até ao 4º andar, com quem? Ah pois!
as freiras: há umas impecáveis, há outras que são terrivelmente cuscas, há uma que está na portaria que cose saquinhos horrorosos que nos impinge a torto e a direito porque os fundos vão para os “chinos”. Mas realmente o que mais me irrita nelas é que me telefonem quando chega o carteiro (horas pouco católicas para quem gosta de dormir) a avisar que recebi uma carta….eu quero lá bem saber!!!quando descer vejo, boa?!
os altifalantes: quando telefona alguém e a residente não está no quarto ouve-se uma voz roufenha, tipo filme de terror: “não sei quantas teléfono…” e depois não desligam e continua-se a ouvi-las a falar sozinhas “estas chicas….bla bla bla”. Estes altifalantes transmitem também uma musiquinha bonita aos domingos de manhã antes da missa, outro factor inimigo dos amantes do sono….
a comida….não comento senão vomito
as residentes: somos umas 80. dou-me realmente com duas (uma das quais portuguesa). Há o grupo das chungas, que até são porreiras; o grupo das betas que são umas parvas snobs (não sei como nem porquê); o grupo das foleiras que me olham de cima abaixo descaradamente como “donde é que esta apareceu?” só porque não adiro ao seu lindo estilo botas brancas-calças com brilhantes-camada de base; as nerds (….); e as normais. Recentemente creou-se um novo grupo, as alucinadas: uma que tem aí os seus 27 anos que se veste como se tivesse 13, que seguramente tem uma falha num nervo sensitivo facial qualquer que a faz não ter noção do tamanho da sua boca, porque, enfia quantidades de comida que esta não pode suportar, dando um espectáculo extremamente nojento. O outro membro deste grupo é uma senhora com quem almocei um dia. Estávamos muito bem a falar do tempo, e eu, BURRA, mudei o tema e comecei a fazer perguntas sobre a sua vida. Licenciada em economia, curso de francês, ia começar a trabalhar no 112… “112? Mas…a fazer o que?” “ah, vou atender as chamadas…da comunidade francesa”, pensei para comigo, ainda não vi um único francês em valladolid e depois, que governo vai pagar a uma pessoa para estar sentada dias a fio à espera de uma hipotética chamada de um francês? calei-me .

Ainda tenho mais umas mas isto já esta grande, fica para o próximo….

quinta-feira, junho 16, 2005

Sud-Express

Como post twilight da semana apresento : “os meus amigos do Sud-Express”

Estando a estudar em Espanha e, como a variedade de transportes valladolid-lisboa é pequena, sempre que vou a casa e não tenho boleia…….Sud-Express!!
Para quem desconhece, é um comboio que faz o trajecto Lisboa-Hendaye, e é no mínimo assustador! A primeira vez que lá entrei pensei que estava no Expresso do Oriente. Um corredorzinho que da para umas dezenas de vagões: sinistro. Os vagões, esses, dão para oito pessoas empacotadas e têm prateleiras de madeira podre em cima das cabeças! Imaginem, a mala dum emigrante em cima da vossa cabeça…com curvas à mistura... definitely not good…
Mas, o melhor deste comboio são sem dúvida, os PERSONAGENS que nele viajam (incluindo-me no pacote!). Como sou apologista do “se-metem-conversa contigo-não-olhes-para-o-chão-a-fingir-que-és-autista”, conheci uns seres interessantes….

“Sr. Oliverio”: numa viagem ia sozinha num vagão. Aparece à porta um senhor de aproximadamente 60anos, típico agricultor de Trás-Os-Montes, que me pergunta se não me importava que se sentasse nesse vagão porque também ia sozinho. E assim, fomos até não sei muito bem onde na conversa. “um senhor amoroso” pensei eu, a contar historias da guerra do ultramar, dos filhos, dos netos, da vida… ate que, começou a falar das suas idas às putas; começou com 12 anos e até depois de casado… Não tive reacção possível, aquele senhor amoroso!!!”mas porque é que me contas isto???”
“Sr. Cara de Sapo” Às tantas entra no vagão um senhor mais velho, gordinho, baixinho, com cara de sapo, que falava português com um acentuado sotaque francês, típico emigrante (sim, com uma grande mala). E pronto, ficam os dois a falar do 25 de Abril. Sai o Sr. Oliverio.
Lá íamos nós, Portugal dentro quando, me começa a cheirar terrivelmente a vinho… não liguei, segui com o meu livro. O cheiro foi-se tornando cada vez mais intensivo até que reparei que alguma coisa jorrava da mala de emigrante do meu companheiro de vagão. Ele, inteligentemente pôs um garrafão de vinho na mala, que se abriu. Só sei que o cheiro era tal que mesmo abrindo as janelas tive que sair porque estava a ficar tonta….
“Igi”: estava eu no corredor, expulsa do meu lugar por um garrafão de vinho, perdida de riso e a fumar um cigarro, quando, se aproxima um miúdo de mim… do nada começámos a falar, e descobri o homem da minha vida (ele não sabe que o é mas eu um dia digo-lhe, não há problema), italiano, fala português com um sotaque adorável e estranhamente continuamos a falar…
“Marino”: bêbado da estação de comboios de Valladolid. Conheci-o numa triste noite em que tinha comboio ás 3.30 da manhã e achei por bem ir para a estação às 23h. Um homem letrado, que fala alemão (segundo ele, porque mal se percebe o que diz), não se cala um segundo e queria à força encher-me de beijinhos porque dizia que tinha cara de boneca de porcelana e fazer casalinho entre mim e um português que lá estava, desses de casaco de cabedal preto e rabo de cavalo… tentador…

Aqui está uma amostra do que se pode encontrar viajando no Sud-Express, se alguma vez precisarem de emoção na vossa vida, força!

terça-feira, junho 14, 2005

mais-um-post-nada-twilighter

meus amigos, venho expressar a minha raiva; inconsciente, aquelas que dão em momentos de desepero.....
gostava que alguém me explicasse uma coisa: Para que existem os compêndios se nos obrigam e enfiar tudo na cabeça???????
(que é como quem diz, porque é que nos obrigam a desperdiçar tempo precioso da nossa vida a empinar coisas se há livros com elas????), raios!!acho óptimo que as percebamos e estudemos mas daí a fazer copy paste...
enfim, como diz uma banda qualquer ruidosa [e não vale a pena olharem-me com essa cara que diz "waaaaaaa esta tipa é mesmo basica" porque ouvi a musica e achei um ruido horroroso sem ponta por onde se lhe pegue (só mesmo o título)e estou-me perfeitamente nas tintas] : fuck the sistem

vou marrar........................................................................................

sexta-feira, junho 10, 2005

while I'm sleeping

adormeço ao som de Dexter Gordon......
o meu consciente vai ficando em segundo plano à medida que o sono avança. a música, essa sim, continúa a vibrar no meu interior.
não é portanto de admirar que depressa o meu corpo se tranforme em ondas que circulam por entre os instrumentos.....ora saxofone, ondas sensuais, tortuosas; bateria, estridente e apaziguadora ao mesmo tempo; ora piano, pilar da melodia....
sonho também que estou detrás do instrumento e sou eu que o manejo, com esse savoir faire de bom músico que me fascina ...

nada twilight, apeteceu-me !

quarta-feira, junho 08, 2005

Hummm.....

Outro post me ocorre enquanto estudo….
Desta vez nada que ver com et’s, ou talvez sim!
Imaginei como seria o mundo sem arte, sem qualquer tipo dela…

Vejamos então;
Literatura, nicles! Pintura, escultura e qualquer outro tipo de arte plástica…nada…música, aiiii, música….. cinema, teatro….puf!

Wow! Depressa chego à equação:

MUNDO - ARTE = "GRITO DE MÜNCH"
*(http://www.ucm.es/info/echi1/imagen/pint/gritomunch.htm)

( abstraiam-se do facto da equação, mundo - arte dar… arte…)

Experimentem um dia, um só dia, sem arte, à noite olhem-se ao espelho e vejam se não comprovam a minha teoria…

terça-feira, junho 07, 2005

Country House.......(hate titles)

Amigos e comparças, depois de receber um elogio a este ilustre blog (blink jay), decidi espremer a minha imaginação e deitar mãos à escrita…

Pois bem, lá estava eu à procura de um tema, esquecendo por momentos que, na vida de um twilighter não há que buscar acontecimentos/temas, eles vêm ter connosco do mesmo modo que carga+ carga- se atraem… o segredo é pura e simplesmente, uma questão de ângulos de visão sobre a vida….poder de abstracção, o que lhe queiram chamar (true twilighters will know what I’m referring to…). Ora vejam, este episódio que contarei poderia simplesmente ser visto como um conjunto de acontecimentos normais, mas, se se abstraírem da realidade verão o mundo twi, que, diga-se de passagem é bem mais interessante que o normal e corrente. É este o objectivo desta introdução toda: um twilighter tira mais proveito da vida, todas as situações são aproveitadas e gozadas ao máximo!

Decidimos ver “coffee & cigarettes” …sento-me toda entusiasmada e deparo-me com uma cópia ranhosa, com um som tremendamente (?) mau e legendas em alemão, que me prendiam a atenção constantemente (aquele hábito horrível preguiçoso de preferir ler que tentar perceber), fazendo-me pensar vezes sem conta que estava a perceber o que estava a ler (isto deve ser uma patologia qualquer…), e consequentemente com que não estivesse com o ouvido 100% apurado para perceber de facto o que diziam, sim porque mesmo com as (supostas) colunas, o som estava baixíssimo…Mesmo assim adorei…
Segue-se um filme de terror “The House of the 1000 Corpses”, que não posso comentar porque não acabei de ver, a coisa engraçada foi que no principio do filme se descobriu que as colunas não estavam ligadas, ou seja, estivemos todos feitos parvos a ver um filme inaudível, com colunas ao lado a enfeitar…
Mas, amigos, o momento twi do dia foi sem dúvida, acabar às 4.30 da manhã com as minhas comparças aos saltos pela casa a matar borboletas ao som, está claro, dos famosos gritinhos femininos….

Agora, se não vêem aqui um momento twilighter tenho a dizer-vos que têm uma visão um bocado daltoniesca da vida!!!

quarta-feira, junho 01, 2005

elefante

Saio da faculdade. Dia normal, aulas, estudo, conversa… preparo-me para o meu caminho de volta a casa, sintonizo a minha banda sonora interior…e vou…
Ao virar a esquina tudo muda, o dia normal até então passa a um total twilight… eis que em plena rua se me depara um…ELEFANTE…sim caros amigos, um elefante! azul acinzentado, tromba e tudo mais que está inerente à condição de elefante!
Ele olha-me com os seus grandes olhos e parece simpatizar comigo, eu, muito pelo contrário, olho para todos os lados aterrada, como seria de esperar, não estou de todo habituada a encontros destes normalmente…
Ninguém parece aperceber-se do que se passa, provavelmente estão a ignorar para ver se não se mete com eles, penso eu… Tento fazer o mesmo e seguir o meu caminho, mas não, o dito cujo parece mesmo ter engraçado comigo e bloqueia-me as saídas…
Num golpe de agilidade consigo entrar no Doctorado, o café da zona, desço rapidamente as escadas e sento-me, tentando controlar a respiração
Quando a pulsação atinge os 80batimentos/min suspiro de alívio…penso que provavelmente o elefante deve ter seguido a sua vida e continuado o seu caminho…
Encho o peito de ar e saio, hum…no signs of elephants around here!!! Ehehehe, consegui!
Ajeito a roupa, resintonizo a banda sonora interna, entretanto interrompida dadas as circunstancias e estou pronta para seguir!
Nisto, alguém me toca no ombro. Viro-me, nada. Tocam-me no ombro oposto. Espreito, nada… a brincadeira repete-se umas vezes até que, irritada me volto completamente, para dar de caras, nada mais nada menos que com….o ELEFANTE, que com um ar de rebeldia suspendia a tromba no ar pronto para continuar a tocar-me no ombro…
Hum…não me vou livrar deste…olho-o nos olhos, e, what the hell…convido-o para um passeio….mal me apercebo, estou a ser elevada pela sua longa tromba e sentada nas suas costas….
Andamos pela cidade toda sem trocar uma palavra, a vista diz tudo!
Chegamos ao parque junto ao rio e poisa-me no chão….segue-se uma amena conversa, eu no meu português, ele com o seu perfeito elefantês… que histórias sabe este elefante! os mundos que visitou, as pessoas que conheceu…
Faz-se tarde digo-lhe, levanto-me, e, como cavalheiro que é (descobri que os elefantes são verdadeiros gentleman!) leva-me a casa balançando na sua tromba…
Prometemos encontrarmo-nos por aí, em África, no Zoo ou simplesmente na rua!

E voilá, devo a um elefante o facto de gostar mais da vida com estas insanidades, que nos fazem ter dias twilight, e histórias engraçadas para contar….