sexta-feira, julho 08, 2005

Lisboa menina e moça

Estava eu no outro dia a pensar com os meus botões quão bom era estar em Lisboa. O Tejo, as ruas, o meu bairrozinho, caras conhecidas, pessoas bem arranjadas, o Jardim, a Rádio Oxigénio e por aí fora…De repente, no meio destas qualidades todas, vejo-me vazia. Vazia de temas para escrever. “Isto é muita giro mas faltam-me situações caricatas. Será que só posso escrever em Espanha?”. Pânico.

Este tal pânico foi, no entanto, totalmente desnecessário pois não foram precisas mais que umas míseras 24 horas sobre o meu desespero para que ele se dissipasse.

Tudo começou quando nas lides matinais reparei que o lavatório, banheira e restantes apetrechos da casa de banho de casa do meu pai são de uma marca minha homónima.
Quer dizer, não bastava já ter um bolo sensaborão com o meu nome, agora estou também associada a micção, defecação, placa bacteriana e caspa… Just great!
Mas não fica por aí.

Vou a andar pela rua, passa por mim um homem que nunca vi mais gordo, que estende a mão na minha direcção como “give me 5!!”…. o pior é que a minha reacção imediata foi responder chocando mão com ele. Contive-me a tempo.
Vou com uma amiga de carro. Paramos num sinal. Ao nosso lado aparece uma mota com um tipo de uma DHL qualquer p’raí de Sta. Comba Dão (nunca lá fui mas acho que tem um nome pitoresco). Este tipo trava e quase dá uma cambalhota no ar. Eu e a minha amiga damos uma gargalhada, gargalhada essa interpretada pelo homenzinho como “boa! Estas acharam-me piada!”. Nisto, saca do capacete, passa as mãos lentamente pelo seu belo e seboso cabelo, fazendo todos os possíveis por mostrar os bem trabalhados bíceps, pouco cobertos pela camisola de mangas cavas que lhe ficava a matar e que não devia saborear água há pelo menos 3 dias… Claro está que as gargalhadas se acentuaram, ao que ele respondia com ainda mais exibição… ciclo vicioso. Lá arrancámos, ele com o devido cavalinho, que deve pôr não-sei-bem-quem maluca.
Vou com essa amiga para o Jardim. Pedimos um café cada uma. Como está calor lembro-me de pedir um copo com gelo, ela pede um copo de água. “Ah, o gelo é para o café?” pergunta o empregado “sim, sim” “ah, então são mais 20 cêntimos”. Ou seja, cobra-me 20 cêntimos por três pedras de gelo e nada por um copo de água… Um dia explico-lhe que o gelo É água.
Estamos numa amena cavaqueira quando aparece uma miúda, que não parecia descolar e que se põe a arrancar meio jardim oferecendo-nos folhinhas, bocados de relva, mais folhinhas, mais relva…até ser arrepanhada pelos pais. Seguimos com a conversa, bombardeadas por bichinhos irritantes, com muitas patas, asas, antenas e essas coisas nojentas.
Mais uma vez somos interrompidas. Desta feita por um vendedor da Cais. O pobre homem ou não falava, e se assim for não é motivo de chacota, ou pura e simplesmente arranjou uma maneira nova de vender a revista. Espeta-la em frente ao nariz do possível comprador (com “em frente ao nariz” entenda-se “colado a ele, não simplesmente ao nível de”) e balbuceia “paparapatapapapapapratatatpata”. Foi o culminar. Tive que esconder a cara. Ainda mais porque esta minha amiga tem o dom de me provocar intensos ataques de riso…

E assim, com este dia, se refutou a minha ideia de Lisboa como cidade pacata onde nada acontece.

2 Comments:

Blogger botinhas said...

Nada acontecia até TU chegares!
Estou à espera de um telefonema para cafezada... ;)

2:06 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

já só falta falares da noite!!!

beijinhos
melguita

PS: e a de amanha entao...deve de ser a loucura total

3:37 da manhã  

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